quarta-feira, 29 de abril de 2015

Compulsão alimentar e tratamento farmacológico

A compulsão alimentar é encontrada em cerca de 2% da população, definida como a ingestão de uma quantidade maior de alimentos, em um período limitado de tempo quando comparado à maioria das pessoas, seguido de um sentimento de descontrole sobre o que ou quanto se come em um período limitado de tempo. Além disso pode ser acompanhado por um sentimento de angústia, nojo ou culpa. Os episódios ocorrem ao menos dois dias por semana, num período de seis meses, e não são acompanhados de comportamentos compensatórios dirigidos para a perda de peso, como no caso da bulimia, na qual a pessoa provoca o vômito para perder o que ingeriu.

A obesidade e compulsão são dois fenômenos que, normalmente, são conjuntos. Podendo iniciar-se por qualquer um deles e tendo o outro como consequência.

Os medicamentos não são, necessariamente, a primeira escolha para o tratamento. É necessário uma abordagem multidisciplinar, envolvendo dieta, exercícios físicos, psicoterapia e, quando necessário, a terapia farmacológica.

A terapia medicamentosa pode utilizar-se de antidepressivos como fluoxetina ou sertralina, que promovem maior sensação de saciedade, diminuindo a quantidade de alimento ingerido. Essa classe de medicamentos não é considerada como antiobesidade, inclusive é literalmente contraindicada, para esse fim, nos Estados Unidos.

O topiramato é usado para controle de crise convulsiva e tem sido bem promissora no tratamento da obesidade. Ele é utilizado para estabilizar o humor e controlar a impulsividade, secundariamente ele levaria a uma perda de peso. Há estudos que demostram em populações obesas, redução importante dos episódios de compulsão alimentar e posterior perda de peso. Porém, a terapêutica medicamentosa da obesidade é sempre controversa, pois seu uso foi aprovado nos Estados Unidos e rejeitado pela agência europeia.

A sibutramina promove uma sensação de saciedade e inibe a sensação de fome ajudando no controle da compulsão, porém apresenta efeitos colaterais como ansiedade, insônia e alguns problemas cardiovasculares.


Para o tratamento deste transtorno, é importante ressaltar que deve-se priorizar sempre a psicoterapia de forma que as causas emocionais sejam controladas, aliado à dieta e exercícios físicos como solução para a grande maioria dos casos. Quando a opção for pela terapia medicamentosa, seguir sempre à risca as orientações médicas, ficando sempre atento aos efeitos adversos. Não se automedique em busca de efeito acelerado ou mais significativo.

Marina Maria de Oliveira - 9º semestre do curso de Farmácia

Referências:

APPOLINÁRIO, J.C.; CLAUDINO, A.M. Transtornos alimentares. Rev Bras Psiquiatr 2000;22 (Supl II):28-31. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462000000600008> Acesso em: 8 de Abr 2015

LEITÃO,M.; PIMENTA, F.; HERÉDIA,T.; LEAL,I. Comportamento alimentar, compulsão alimentar, história de peso e estilo de vida: diferenças entre pessoas com obesidade e com uma perda de peso bem-sucedida. Alim Nutr. Braz J Food Nutr., 2013 Out-Dez; 24(4): 393-401. Disponível em: <http://200.145.71.150/seer/index.php/alimentos/article/view/3860/1592> Acesso em: 9 de Abr 2015

SALZANO, F.T.; CORDÁS, T.A. Tratamento farmacológico de transtornos Alimentares. Rev. Psiq. Clin. 31 (4); 188-194, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rpc/v31n4/22407> Acesso em: 8 de Abr 2015

VASQUES, F.; MARTINS, F.C.; AZEVEDO, A.P. Aspectos psiquiátricos do tratamento da obesidade. Rev. Psiq. Clin. 31 (4); 195-198, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832004000400013> Acesso em: 9 de Abr 2015



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