terça-feira, 7 de outubro de 2014

Obesidade

Os medicamentos para emagrecer, a exemplo dos anorexígenos, vêm sendo amplamente explorados como manobra para perda de peso. Sua função, no entanto, é a de simples moderação da fase de reeducação alimentar. Quando interrompida a terapia, a mudança de estilo de vida deve ser capaz, por si só, de prevenir novo ganho de peso ou o chamado ‘efeito sanfona’. Entretanto, assim como todo fármaco, seu uso só deve ser considerado quando os benefícios de utilização superarem os riscos que a administração pode trazer ao organismo, ou quando os agravos do sobrepeso forem pronunciados.


A obesidade é caracterizada como um estado de “excesso de gordura corporal”, estabelecido quando o cálculo do índice de massa corporal (IMC = peso corporal em quilos/ altura2 em metros) é maior ou igual a 30, ou ainda quando a circunferência da cintura é igual ou superior a 94 cm em homens e 80 cm em mulheres.

A ingestão de alimentos altamente energéticos e a urbanização dos empregos e formas de locomoção, promovendo o sedentarismo, vêm a favorecer a instalação da obesidade. Em muitos países em desenvolvimento, como o Brasil, surgem cidadãos obesos-subnutridos devido ao consumo de alimentos pobres em teor nutritivo, mas ricos em gorduras e açúcares. Não obstante a estes aspectos, quatro fatores contribuem para o aumento de peso: a) genéticos; b) ambientais, por ser mais incidente em perímetros urbanos; c) socioeconômicos, com maior taxa de obesidade em países de rendimento elevado; d) comportamentais, ligados ao estilo de vida sedentário.

A obesidade é reconhecida como uma condição clínica crônica, associada ao aumento de morbidade, trazendo vários problemas a saúde, e de mortalidade, reduzindo o tempo de vida. Considerada como epidemia nos EUA, a doença é encarada como problema de saúde pública por aumentar propensão a riscos para a saúde como hipertensão, dislipidemia, resistência à insulina (fator culminante de diabetes mellitus tipo 2), síndrome da apneia do sono, câncer de endométrio em mulheres e carcinoma colorretal em homens, e doenças cardiovasculares (angina de peito, claudicação, tromboses venosas e sua principal consequência: embolia pulmonar).

Como caráter fisiológico, todo indivíduo acumula gordura corporal ao longo da idade adulta, e começa a perder massa muscular entre 30 e 40 anos de idade, logo o idoso tende a maior proporção de gordura e circunferência abdominal. No entanto, embora a gordura aumentada no abdômen esteja associada a maior mortalidade por doença cardiovascular, este fator é mais agressivo quando incidente em jovens adultos.

Autoridades em saúde de vários países discutem uma estratégia de combate efetiva para esta doença, que traz grande prejuízo de qualidade de vida individual. A prevenção deve ser preconizada, por meio de orientação de estilo de vida saudável e conscientização dos possíveis agravos gerados pela obesidade. O tratamento inclui reeducação nutricional, alteração da rotina e inclusão de atividade física. As opções farmacológicas são adotadas quando as medidas anteriormente citadas não se mostraram suficientes.

Os medicamentos para emagrecer são adjuvantes da mudança de estilo de vida. É muito importante que a relação risco x benefício seja considerada antes de qualquer intervenção farmacológica. A intervenção cirúrgica é um último recurso empregável.

Suzana Silva de Oliveira – 10º semestre Farmácia

Referências:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE E DA SÍNDROME METABÓLICA - ABESO. Diretrizes brasileiras de obesidade: 2009/2010. Itapevi, SP: AC Farmacêutica, 2009. 3 ed.

EUROPEAN MEDICINES AGENCY. Science Medicines Health. Committee For Medicinal Products for Human Use. Guideline on clinical evaluation of medicinal products used in weight control. London: EMEA, 2007. Disponível em: <http://www.ema.europa.eu/ema/index.jsp>. Acesso em: 26 set. 2014.

NATIONAL INSTITUTES OF HEALTH. Department of Health and Human Services. Obesity Research. USA: USA.gov, 2011. Disponível em: <http://www.obesityresearch.nih.gov/>. Acesso em: 26 set. 2014.


WORLD HEALTH ORGANIZATION. Obesity and overweight. Genebra: WHO, 2014. Fact sheet N°311. Updated August 2014

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