quinta-feira, 17 de julho de 2014

Intoxicações

O nosso organismo funciona a base de reações químicas que devem ser reguladas conforme a necessidade. Muitas substâncias, com as quais entramos em contato por qualquer via, podem alterar a cadência dessas reações, aumentando-as ou diminuindo-as. Ainda, que o nosso organismo consiga se reordenar na presença dessas substâncias estranhas, há um limite de concentração, quando extrapolado configura a intoxicação.

A maior parte das intoxicações que acontecem são controladas apenas com tratamento de suporte, ou seja, monitorando-se as reações para a manutenção da vida. Porém, algumas condições requerem a administração de antídotos e de medicamentos específicos.


Para um bom controle do processo da intoxicação, algumas informações são importantes: qual o produto envolvido (farmacêutico, não farmacêutico ou droga ilícita); a via de exposição (ingestão, inalação ou pelo contato com a pele); a quantidade ingerida estimada; e há quanto tempo ocorreu a exposição. Essas informações devem ser processadas por um médico, o mais rapidamente possível. Dependendo da substância, a diferença de minutos pode ser fatal. Os procedimentos de desintoxicação têm evoluído e muitos estudos demonstram que a lavagem gástrica ou intestinal, a indução do vômito e o estímulo para diarreias são desnecessárias e, muitas vezes, provocam mais danos do que benefícios.

Esse volume de conhecimento gerado para o controle da intoxicação tem sido sistematizado e disponibilizado em Centros de Informação Toxicológicas, os quais dão suporte aos serviços de saúde sobre as melhores práticas para prevenção e tratamento das intoxicações. Esses centros também padronizam a melhor forma de diagnóstico, além de como proceder no seguimento da resposta ao tratamento e dos efeitos observados.

Ainda não há substâncias antídotos para todos os intoxicantes. Um recente estudo afirma que apenas um terço dos antídotos e medicamentos conhecidos e recomendados para o tratamento de intoxicações estão disponíveis comercialmente no Brasil. Analisando-se os protocolos de diversas agências estrangeiras, os pesquisadores consideraram que seriam necessários 41 medicamentos diferentes e que apenas 16 estão disponíveis em nosso país.

Mas se considerarmos que quase 40% dos casos de intoxicação relatados no Brasil são de crianças e de que os medicamentos são os agentes intoxicantes mais importantes, a melhor estratégia para o tratamento das intoxicações é a sua prevenção. Não guarde medicamentos de forma acessível às crianças e não permita que elas tomem os remédios sozinhas. Caso necessite, a Anvisa mantém um serviço para informações de atendimento e esclarecimento à população, o Disque-Intoxicação pelo 0800-722-6001.

Se ainda tiver dúvidas, encaminhe-as para o Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do curso de Farmácia da UniSantos. O contato pode ser pelo e-mail cim@unisantos.br ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002.

Prof. Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP (1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela UniSantos (1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena

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